Policial

Investigação da chacina de Icaraíma revela ataque coordenado e levanta suspeitas sobre policiais

A Polícia Civil do Paraná divulgou nesta quarta-feira (10) novos detalhes sobre a investigação da morte de quatro homens encontrados enterrados em uma área de mata em Icaraíma, no Noroeste do Estado.

A reconstituição técnica aponta que o grupo foi executado em uma emboscada preparada no distrito de Vila Rica, logo após chegar ao local onde ocorreria a cobrança de uma dívida. Ao mesmo tempo, a investigação se ampliou: dois policiais civis lotados na cidade são alvo de diligências da Corregedoria por possível comunicação com investigados após o crime.

As vítimas — Alencar Gonçalves de Souza Giron, Diego Henrique Affonso, Robishley Hirnani de Oliveira e Rafael Juliano Marascalchi — desapareceram no dia 5 de agosto. De acordo com a polícia, Alencar havia solicitado que Diego intermediasse a cobrança de uma dívida envolvendo a família Buscariollo. Conversas recuperadas pela investigação mostram que Alencar manifestava receio quanto ao encontro, enquanto Diego tentava tranquilizá-lo, afirmando que o acerto seria pacífico.

O valor real da dívida segue em apuração: enquanto Alencar mencionava R$ 129 mil, documentos apreendidos indicam notas promissórias no total de R$ 255 mil, e versões paralelas falam até em R$ 1 milhão.

Câmeras de segurança registraram as vítimas saindo de Icaraíma às 12h04, em uma Fiat Toro. Minutos depois, por volta das 12h30, segundo laudos periciais, o grupo foi surpreendido na propriedade rural onde ocorreria o encontro.

Atiradores posicionados estrategicamente em ao menos três pontos abriram fogo com cinco tipos de armas — entre elas fuzis calibre 5.56 e .223, e pistolas 9mm, .40 e .45. Os disparos atingiram o veículo por vários ângulos, sinal de que a ação foi planejada e executada com rapidez.

 

A Polícia Científica concluiu que os quatro homens morreram ainda dentro da caminhonete, sem qualquer indício de tortura, cativeiro ou tentativa de negociação. Logo após as mortes, os corpos foram levados até uma região conhecida como mata do Tenente e enterrados em uma cova aberta às pressas. A Fiat Toro foi ocultada em outra área, dentro de um bunker improvisado. Peças do veículo encontradas junto aos corpos reforçam que a remoção ocorreu minutos após a execução.

Os laudos de necropsia revelam múltiplas perfurações na cabeça, tórax e costas das vítimas, algumas feitas a curta distância. As condições de preservação dos corpos são compatíveis com o período em que permaneceram enterrados, o que descarta a hipótese de sequestro prolongado.

A investigação caminhou sob sigilo durante meses, inclusive para parte da equipe local, devido à possibilidade de envolvimento indireto de agentes públicos. Na segunda-feira (9), a Corregedoria da Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra dois policiais de Icaraíma. Eles não são investigados pelas mortes, mas por suposta comunicação com suspeitos após a chacina, o que poderia ter contribuído para fuga, destruição de provas ou interferência no andamento do caso.

Os materiais apreendidos — celulares, computadores e documentos — estão sob análise. A corporação afirma que a medida busca preservar a transparência da investigação e impedir o perecimento de evidências sensíveis.

Com a reconstituição concluída, a Polícia Civil sustenta que a chacina foi resultado de uma ação premeditada, articulada e executada em poucos minutos. A fase atual se concentra na identificação dos autores, na análise dos dispositivos apreendidos e na verificação da eventual interferência dos dois policiais mencionados. As conclusões finais dependem dos exames técnicos e das diligências em andamento.

Linha do tempo

Investigação sobre possível comunicação de policiais com investigados após o crime
Dia do crime (Data ainda não divulgada oficialmente)
Ocorre o crime que deu origem à investigação principal.
A Polícia Civil inicia imediatamente a apuração e coleta de evidências.
Os suspeitos passam a ser monitorados pelas equipes responsáveis pelo caso.

Dias seguintes ao crime

Investigadores identificam possíveis interações suspeitas ocorridas após o fato.
Relatórios preliminares apontam que dois policiais civis de Icaraíma podem ter mantido contato com investigados depois do crime.
A possível comunicação levanta dúvidas sobre eventual favorecimento, vazamento de informações ou quebra de protocolo.

Comunicação é informada à Corregedoria-Geral

Equipes internas notificam a Corregedoria da Polícia Civil sobre as suspeitas.
A Corregedoria abre procedimento formal para apurar a possível conduta incompatível com a função pública.

Instauração do procedimento disciplinar

A Corregedoria instaura investigação administrativa.
Os policiais citados são oficialmente notificados.
O caso passa a tramitar sob sigilo, conforme normas internas.

Pedido de buscas e suporte à investigação

Para esclarecer se houve comunicação indevida, a Corregedoria solicita ao Judiciário:
Mandados de busca e apreensão nos endereços vinculados aos dois policiais.
Apreensão de celulares, computadores, agendas e eventuais mídias.
Acesso a registros telemáticos e dados de comunicação.

Cumprimento dos mandados

As equipes da Corregedoria e de unidades de apoio executam buscas simultâneas.
Materiais são recolhidos e enviados para perícia.
A ação busca reconstruir eventuais contatos e verificar se houve tentativa de interferência na investigação principal.

Situação atual

A Corregedoria analisa:
Registros de ligações,
Mensagens,
Movimentações telefônicas,
Possíveis encontros,
E qualquer interação dos policiais com investigados após o crime.
Ainda não há conclusão sobre envolvimento, intenção ou eventual infração disciplinar.
A corporação reforça que a investigação é administrativa, não criminal, até o momento.

Próximos passos esperados

Conclusão do laudo técnico sobre os aparelhos apreendidos.
Oitiva formal dos policiais investigados.
Possível ampliação da coleta de provas, conforme resultados das análises.
Emissão de relatório final pela Corregedoria, que poderá recomendar:
Arquivamento,
Advertência,
Abertura de PAD (Processo Administrativo Disciplinar).

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Fonte : UmuaramaNews/ Catve